Ícone Invicto da Urbe Nortenha
Num fim de semana propício ao passeio pela nossa linda cidade aqui fica o convite, feito por uma pessoa muito especial, para te perderes junto a um dos ícones da cidade do Porto...a Torre dos Clérigos!
Sob guarda eternizada em rocha por Ramalho Ortigão e António Ferreira Gomes ergue-se a Torre dos Clérigos, símbolo icónico da minha cidade.
Plantada no limiar de cebolas novas, morangos vermelhinhos e bacalhaus salgados da Casa Oriental, floresce a torre sineira, ex-libris de Nicolau Nasoni, agora da mui nobre Invicta. Imponente, domina o espaço, e apresenta-se à Cordoaria de peito aberto, como que vinda de São Bento a anunciar-se aos demais que ali passam.
Nunca me sacio bem de a mirar. Ladeada pelo recente jardim de 50 oliveiras que esconde o cunho urbano mais comercial do Passeio dos Clérigos e pela Rua da Assunção à sua esquerda, ouve várias vezes ao dia o som do eléctrico que anuncia a passagem pelo mitico "cling cling" de um sino antigo que transporta na fronte, mesmo ao ladinho do motorista, e a vibração da areia usada na travagem ao evitar os transeuntes ora turistas ora locais que ali passam (e daí a coloração acastanhada imposta pela ferrugem aos beirais das entradas na lojas e casas nas imediações dos carris enterrados nas calçadas).
Faz-se fila com uma moeda de dois euros para subir os 75 metros da torre onde podemos ver as vistas da minha cidade bem lá do alto. Antes de mais deixem-me frisar bem vincado que vale a pena. Juntamente com o pequeno cálice de vinho do Porto que oferecem à saída (e que quase paga a entrada), o "saborear" das pedras de granito amontoadas uma a uma há cerca de 300 anos, o sentir do frio das paredes e tecto e a luz em lusco-fusco ali e acolá em degraus que parecem não ter fim, fazem juz à expectativa.
Rodeada de passeios voláteis de fim de tarde com quem se Ama e jogos incansáveis de cartas entre os que gozam o sol do dia, anuncia as horas em badaladas sem descanso e confirma aos que a circundam a inegável certeza que o tempo não pára, não anda para trás e que não tardará impôr ao dia dar-se por findo. Todos se apressam. E questiono-me porquê? A felicidade não parece estar muito mais ali à frente do que aqui mesmo, como numa neblina ímpar que traz o cheirinho de pasteis de nata logo dali daquele sitio onde os fazem tão especiais: o Forno dos Clérigos, merecido local para sobremesa, logo depois de onde termina esta deambulação escrita com a anunciação regular, natural e típica da bifana laminada e da tripa... à moda do meu Porto!
Jovial Correia Jr
Heterónimo de Nuno Correia